Flávia Sphair
Muitas pessoas compram uma passagem sonhada para um destino que há tempos aguardavam e logo pensam: quero fazer o máximo que puder. Concordo que aproveitar o tempo da melhor forma possível é essencial, mas quero mostrar também que um pouco de calma é melhor do que o excesso. Digo isso porque acredito que, de que adianta fazer um check em um país ou cidade, só bater uma foto de um lugar e sair rápido para o próximo? Você estaria mesmo conhecendo o destino?
Tenho um exemplo.
Estava separando alguns materiais de Eventos de Turismo que participei quando me deparei com um pacote de uma operadora. O nome era algo parecido com “Estados Unidos e Canadá expresso” e o roteiro incluía muitas cidades em pouquíssimo dias. Fiquei curiosa para analisar como isso seria feito e li a proposta.
Você viajaria de ônibus por 6h e visitava um lugar, por aproximadamente 2h. Viajava mais 4h outro dia e via outro por mais 1h e fazia mais uma pernada. Daí você tinha uma manhã em um terceiro atrativo, e mais 5h para outro lugar… e assim ia, por uns 10 dias, passando por cada dia em uma cidade diferente, e um ponto turístico em cada.
Parei e pensei: isso não faz sentido, você vai para os EUA para ficar mais da metade da viagem dentro de um ônibus para quê? Por que não conhecer menos lugares dessa vez, mas conhecê-los além de algumas fotos? Poder sentar, apreciar, fazer algumas compras, provar algo no local, e conversar com as pessoas de lá.
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Viajar devagar não é só ficar muito tempo aproveitando o mesmo destino por um longo período e até meses na mesma viagem, mas escolher os lugares para conhecer por completo no tempo adequado. Ter tempo de apreciar e ver detalhes, tirar quantas fotos quiser, viver aquilo com quem está junto com você. E daí e se você por acaso não conseguir visitar um dos pontos mais conhecidos daquele lugar? Você conheceu muito melhor aquele outro que mais te interessava!
Talvez você consiga fazer o passeio mais rápido, ou talvez precise de 2 horas além do programado, porque vale ficar lá. Em nosso caso, como temos crianças, pode ser um tempinho extra para o parquinho! O importante é viver todo o momento, e de fato aproveitar os momentos.
A primeira vez que fui à Canela, foi com um passeio comprado de van com minha mãe. Eu tinha uns 14 anos. Paramos no parque, vimos a Cascata no mirante por 10 minutos e nos disseram “vamos continuar”?
Questionei “mas já? Tem a escadaria e bem mais pra ver! “ E o guia me olhou com cara feia. Não tinha tempo, “vamos ver outros lugares”. E foi assim o dia todo, a van parando rapidamente em vários atrativos, e logo seguindo ao próximo.
Fiquei pensando, por anos, que queria voltar pra ver direito, e o fiz. Voltei para parque do Caracol e como o teleférico não estava operando no dia, encarei aquela escadaria, e levei o tempo que precisou (inclusive na subida). Valeu a pena, demais, ela é muito mais linda embaixo de se ver. E agora sim tenho uma boa memória e lembrança dela (especialmente nos 3 dias de dor pós subida, mas fiz isso já duas vezes, doida né).
Eu tento fazer os dias renderem nas viagens da melhor maneira, mas aproveitando o possível. “Ah, mas não sei se vou voltar aqui um dia”. Quem disse? O tempo passa rápido, há mais chances de voltar do que imaginamos, ainda mais quando o temos desejo e boa vontade!
Viaje mais devagar, faça o teste, você não vai se arrepender.
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